Plantar jardins ou mesmo capim no teto das casas não é exatamente uma idéia moderna. Os telhados verdes existem há milhares de anos. Na Alemanha, há bairros urbanos inteiros que voltaram a ganhar os tetos verdes. Já há mais de 1.500 empresas especializadas nesse sistema no país. Quem tem área construída e não capta água da chuva leva multa. Quem constrói um telhado verde e maneja a água que cai sobre a própria casa recebe um subsídio do governo. Os dados de 2001 mostram que o país ganhou em 20 anos 14 milhões de metros quadrados de tetos verdes. Nos Estados Unidos, existem 500 empresas especializadas em construções com telhados verdes. A Ford, em Michigan, instalou um telhado verde em toda a extensão da fábrica e tem economizado 30% de energia com refrigeração. A primeira vantagem do sistema é que a camada de terra e de matéria orgânica viva (das
plantas) funciona como isolante térmico. Em locais quentes, as plantas no telhado mantêm frescor e, em locais frios, guardam o calor. Nos países frios, a calefação é o principal gasto de energia. A vegetação no teto também regula o escoamento da água das chuvas. Normalmente, toda a água que cai sobre os telhados normais vai direto para o sistema de drenagem público. “A água e a falta de planejamento urbano acabam causando enchentes e sobrecarregando os rios,” afirma André Soares, do Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado, em Goiás. A água que sai do jardim suspenso, além de regar as próprias plantas, pode ser recolhida em um reservatório e usada para descarga de banheiro e lavagem de quintal. No Brasil, o holandês Yojan Van Legen, autor do livro Manual do Arquiteto Descalço, tem construções com telhado verde há mais de 15 anos. Ele coordena o Instituto Tibá, de tecnologia intuitiva e bioarquitetura, no Rio de Janeiro. Seus projetos estão virando objeto de estudo dos arquitetos. Soares, de Goiás, também pesquisa a técnica há dez anos. “O telhado verde é sexy. Ele ameniza a temperatura da casa, tem utilidade pública e ainda é bonito.” A instalação dos telhados verdes exige cuidados. Primeiro, é preciso se certificar que a estrutura da casa agüenta o peso da terra, das plantas e da água que se acumulará ali. A maioria dos tetos verdes tem apenas uma fina camada de terra e plantas de pequeno porte, como arbustos. Mas, em construções com estrutura mais forte, pode haver uma camada maior de terra e plantas maiores, como árvores e palmeiras. O teto do Edifício Matarazzo, sede da Prefeitura de São Paulo, tem há meio século pés de café, coqueiros, eucaliptos e pau-brasil. O ponto mais crítico é fazer uma boa impermeabilização, para que a água do solo não se infiltre no teto da casa. No Instituto Tibá, Legen usa um produto natural: sumo de cactos. “Nossa técnica é baseada na dos astecas, mas nós misturamos cimento ou cal”, afirma. Por cima, ele coloca uma camada de areia e depois alguns centímetros de terra. “Quando encontram a areia, as raízes param de crescer''. As pricipais vatagems dos tetos verdes são:
Qualidade do ar: Através da fotossíntese e da aderência dos poluentes ao substrato, os telhados verdes agem como purificadores do ar urbano. O telhado vivo é também um aprisionador de carbono.
Proteção do prédio: A cobertura vegetal em um prédio elimina a concentração de calor evitando a dilatação e protegendo o prédio contra trincas. O substrato absorve também as chuvas ácidas. Estes dois fatores elevam a vida útil da construção.
Pluvial: Pela retenção de água e diminuição do fluxo a laje vegetada contribui de forma muito significativa no escoamento de água da chuva conforme pode se constatar no estudo do IPH.
Acústica: O teto verde diminue a reverberação ao absorver e isola ruídos.
Conforto Térmico: O telhado verde proporciona excelente conforto ambiental, pois além do isolamento térmico, ele age por evapo-transpiração, perdendo a energia de evaporação da água por ele retida. O telhado vivo também consome energia pela fotossíntese
Valorização do Prédio: Pelos seus benefícios confere ao prédio um maior valor no caso de venda.
Arquitetônica: O telhado ecológico aparece como tendência arquitetônica em um ambiente urbano saturado de concreto, metal e vidro, fazendo um contraponto de cor, vida e renovação. Nova opção de design para indústrias, residências e fachadas devido à variedade de plantas e folhagens possíveis. Cria visual paisagístico em um espaço antes inutilizável. Fácil de instalar, prático e inteligente, totalmente integrado na paisagem. Os telhados verdes ao invés de disputar com a natureza, a usam em benefício da cidade.
Psicológica: O ser humano reage positivamente a espaços naturais verdes, opondo-se a aridez do concreto e do asfalto. Aumenta o senso de comunidade. Pesquisas apontam a rapidez de curas em hospitais onde os pacientes tem a oportunidade de entrar em contato com áreas verdes. O telhado ecológico é a realização da utopia de viver em meio à natureza mesmo cercado de prédios.
A caminhada é longa e os desafios do processo de implantação em seu início são grandes, porém temos a convicção de que, no curto espaço de tempo,terá uma nova e próspera formação de profissionais especializados na area